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sábado, 6 de novembro de 2010

Baryshnikov, a Dança e a Educação.

Ontem após o espetáculo do Misha e Ana Laguna aqui no Sul do Mundo, no maravilhoso teatro do SESI,  em companhia do próprio, fui questionado, após o espetáculo, da seguinte forma: What's this? What's this...”uhuuu”.  Pensei: iiih, me ferrei. O que dizer? Refleti brevemente e resolvi falar a verdade: ...Misha, senta aí: tudo começou em 1500 quando um Portuga, pra lá de louco, que não era muito querido lá nas suas bandas,  aportou por estes pagos, conheceu umas índias, trouxe mais um pessoal  lá da África e procriaram, procriaram, procriaram muito. Bom, esse pessoalzinho nunca teve muita preocupação com o ofício da educação. Oficio tal que garante ao sujeito conhecimento, disciplina, cultura, educação e senso crítico. Aliás, a tríade “disciplina, educação e senso crítico”, deveria ser medida com algum instrumento do tipo um “disciplinômetro” ou um “educanômetro”, na entrada dos teatros, liberando o acesso para pessoas educados e impedindo a entrada de “uhuzeiros”. Micha ficou revoltado: Como assim impedir o acesso ao teatro?? Misha, deixa eu voltar lá para o inicio e já vais entender, ok?! Bem, acontece que esse pessoalzinho desenvolveu por aqui, na terra brasilis, um tal de jeitinho brasileiro. Jeitinho este que faz o sujeito pensar no próprio umbigo, não ter respeito pelo próximo, não respeitar limites e achar que dinheiro pode tudo. Dinheiro pode tudo sim, mas só para quem sabe usá-lo. Compra boa educação? Compra. Mas não compra formação de caráter, dignidade e respeito. Opa! Respeito. Pensei: agora Misha vai entender. Misha, é através da educação formal, responsabilidade da escola;  e da formação de caráter,  responsabilidade da família, que as pessoas aprendem as noções de limite e de respeito ao próximo, entre outros. Creio que a partir deste momento conseguirei  te explicar o que é “uhuuu”. “Sim explica, explica, dizia Misha”. Mas, antes  preciso  te dizer que a plateia que te assistiu era composta daquele mesmo grupo que bebia champanhe no saguão do teatro minutos antes do inicio. Plateia esta que pagou caro por um ingresso e era composta da tal de “elite” intelectual e econômica desta cidade. Misha achou muito estranho quando a produção informou que as mesmas pessoas que bebiam champanhe na entrada do teatro antes do seu espetáculo foram aquelas que atrapalharam sua performance com fotografias, flashes, e no final gritaram “UHUUUU”. Voltando ao Misha, continuei explicando: Então Misha, este pessoalzinho, que é parente daquele louco lá do inicio, e cujos descendentes nunca tiveram muita preocupação com a educação e deixaram de investir, ao longo do tempo, na família, logo na formação de caráter, não sabem diferenciar um aplauso educado e simpático de um selvagem e constrangedor “uhuuu”. Misha então entendeu e explicou que quando as pessoas querem elogiar um artista devem apenas aplaudi-lo de pé ou gritar BRAVO; quando estiverem efusivamente agradecidas e quiserem demonstrar devem fazer como fazem os mais civilizados: bater palmas, todos ao mesmo , em uníssono.”
Aplauda seu artista com respeito e educação, não seja um selvagem, não tire fotos com flash. Com o advento da internet é possível conseguir fotos de seus artistas diletos desde quando estavam no berço. Não perca tempo com fotografias, aproveite o momento para “curtir” seu artista. Talvez, com o selvagem “uhu, ele fique com a impressão, indesejada, de que somos ermitões e não queira mais voltar.  Todos perdemos com essa atitude selvagem e “ermitônica”....para com esse tal de  “uhuuuuu”.
Ahhhhh, mas onde entra a dança em tudo isso? Bom, Baryshnikov estudou a dança durante toda sua vida, por isso é um ícone. Simplesmente teve disciplina e educação, por isso quando dança não precisa “arfar no palco, nem comer repolho, nem se atirar nas paredes, nem tomar banho em fonte”, simplesmente se mexe e dança.
            Voltando ao diálogo, disse a Misha: desculpa pela ignorância e pelo DEScomportamento deste povo.

Um comentário:

  1. É verdade... Outro dia fui ao cinema e fiquei admirada que nenhum celular tocou, ninguém atrapalhou o filme durante toda a sessão. Realmente algo inédito em uma cidade em que o nível econômico é alto, e que faz essas pessoas esquecerem que a educação é mais importante que o poder aquisitivo num teatro, cinema, trânsito ou mesmo supermercado. Abraço

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